IYÚN ASÉ ORIN – CORAL DE CÂNTICOS SAGRADOS
Durante mais de três séculos alguns milhões de mulheres e homens africanos chegaram ao Brasil como escravos. Nesse chamado ‘período da diáspora’, trouxeram com eles não apenas sua mão-de-obra, mas sua música, canto, instrumentos, além de universos culturais múltiplos e surpreendentes, já que vinham de outro continente e também de várias nações diferentes entre si.
Em meio a tantas referências culturais a música sempre ocupou um lugar fundamental. Fosse por sua função religiosa ou fosse no esforço daqueles homens e mulheres em manterem suas identidades culturais diante da violência do exílio e da escravidão.
O Coral Iyún apresenta uma das manifestações mais significativas e fascinantes da cultura negra no Brasil: os cânticos sagrados africanos.
Cânticos milenares que já atingiram sua essência, conjugando simplicidade e beleza, são harmonizados seguindo tradições corais africanas e apresentadas mantendo suas melodias e letras originais, em yorubá, entre outros idiomas.
Tais idiomas, ainda correntes na África, já foram falados no Brasil. Hoje permanecem como língua litúrgica em grande parte das comunidades-terreiros de todo território nacional, e são de extremo valor para a memória da cultura negra.
Os cânticos sagrados expõem a religiosidade profunda presente em grande parte dos afro-descendentes, em diversos segmentos da sociedade brasileira e, de um modo ou de outro, consciente ou inconscientemente, em toda a população brasileira. Seus textos falam de deidades, heróis, dinastias e lugares sagrados, dilemas existenciais, vida e morte, alianças e conflitos e da relação com a natureza.
Fundado em 2006 pela ialê Lucinha Pessoa, do Ilê Axé Omin, em Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, tendo então como mentor o antropólogo e doutor José Flávio Pessoa de Barros, o Iyún tem ainda como bandeiras políticas a inclusão social dos afro-descendentes, o fim dos preconceitos raciais, a tolerância religiosa, a aceitação da diversidade, a não violência e o respeito para com a natureza.
Regido desde 2009 pelo maestro Eduardo Feijó e orientado pela Ialê Lucinha Pessoa, o Coral, com cerca de 20 integrantes, conta com acompanhamento de percussão, figurino e corpo de baile.
O repertório do grupo abre espaço também para a produção folclórica e popular africana, afro-brasileira e para cânticos sagrados de vários povos ao redor do mundo.
A beleza das canções, a força dos tambores, a delicadeza das vozes, a exuberância do figurino, a plasticidade dos dançarinos e a atmosfera de ancestralidade presente nas apresentações do grupo, invariavelmente gera um efeito musical de transe e encantamento para a platéia.
- Omi Imalé – Arranjo Lucinha Pessoa
- Emi Yemaiya Tuiare – Arranjo Lucinha Pessoa
- Ewêronjejê
- Osun e Lóolá
- Hino da África do Sul
- Hino da Juventude da África do Sul
- Ojò Ìbí
- Oriki Ode
- Onisê awure
- Ofurufú
- Ara Ose